...esse é o lado certo da vida erra! Assim começa uma frase usada nos morros e favelas brasileiras para justificar a justiça imposta aos devedores e meliantes aos quais ficam em divida com a “comunidade”.
Quando cito do Brasil, e com todo contexto da frase,não pense que apenas restrito a grandes capitais. Isso também esta ocorrendo em pequenas cidades do interior e zonas rurais. Além de terem de lidar com as amarguras de terem filhos usuários e dependentes químicos, as famílias tem que suportar os castigos impostos pelo tráfico. Castigos físicos que servem de exemplo para não cometerem mais delitos e para evitarem que surjam novos infratores.
Esses infratores nunca escapam do júri da periferia. Sentenças, bastantes severas, que muitas vezes deixam marcas eternas ou levam os julgados à morte. Certa manhã de domingo, presenciei uma cena no HPS da minha cidade. Houve certa movimentação próxima à emergência. Vi quando solicitaram a reserva da sala para a realização de um exame de emergência. Após alguns instantes entra Leandro (nome fictício do adolescente de 14 anos filho de um amigo). Com as mãos enfaixadas, marcas de choro e dor no rosto. As ataduras manchadas de vermelho denunciava alguma ferida de difícil estancamento.
Logo me pus a buscar saber o que houve e tentar ligar para meu amigo. Leandro me reconheceu e em lágrimas começou a chorar e pedir para ligar para sua mãe. Após alguns instantes, fui retirado da sala de emergências e apenas ouvia uivos de dor do menino. Algumas horas após, o médico veio até mim para saber se eu o conhecia e também aos seus pais. Respondi que sim, e que já havia ligado para ambos, mas não obtive sucesso. Falei também que poderia assinar a documentação de entrada do menino.
No desenrolar da conversa, o médico me disse que ele teve todos os ossos das mãos violentamente quebrados, pois o mesmo teve as duas mãos postas em cima de um paralelepípedo e recebeu cinco marretadas em cada uma delas. Seria difícil a reconstrução e recuperação óssea, e que provavelmente, terias ambas as mãos amputadas. Seguidamente chegara seus pais, relatei as palavras do médico a eles e minha suspeita confirmou-se nas palavras de um pai em sofrimento: ele devia R$ 200,00 ao tráfico.
A tristeza da família eterna representa um futuro destruído pelas drogas e uma vida limitada por dever R$ 200,00. Seria melhor que tivesse sido executado do que viver nessa tristeza profunda e ilimitada para qual a família viverá?
Ao menos que esse tipo de situação sirva, para que, muitos que estão pensando em vacilar e entrar para essa vida de castelo de ilusões, opte por seguir o caminho mais difícil que esse sim trará a verdadeira felicidade. Aos pais que também conhecem o Leandro tomem atitude de conversar abertamente com seus filhos para manter longe desse mundo miserável e sem volta, a final, o verdadeiro malandro e esperto é aquele que aprende com os erros dos outros.