domingo, 10 de julho de 2011

A UNIÃO DA MASSA

Por Frank Domingues

 
Na natureza humana, existem duas características que, se fossem aplicadas a rigor, a vida em sociedade seria bem melhor. Humildade e União. A humildade para reconhecer os erros, ser solidários e amorosos. A união para vencer barreiras e preconceitos e procurar a melhor maneira de tornar a sociedade, o local onde vivemos num local melhor e mais justo.

Por isso venho humildemente, pedir desculpas a vocês leitores e principalmente a minha coordenadora da CUFA/RS - A Nathaly. Essas desculpas são por ter sumido, sem ao menos explicar. Mas justificativas serão citadas.

A vida corrida, e luta por melhoras é o que todos querem. Porém nada na vida é como queremos e nos impõe caminhos os quais devemos escolher. Eu escolhi pela família e nessa escolha tive que aumentar a casa, o famoso puxadinho e juntando com final de semestre dos meus alunos até passar “a classe” para meu substituto, se passaram dois meses.

Nesse período de construção, entre uma folga e outra eu distraia-me com livro ABUƧADO (não manos e minas, não está escrito errado é com S virado mesmo). Livro esse do conterrâneo Caco Barcelos. Essa literatura trata, em primeira vista, da biografia do Juliano VP, chefe do morro Dona Marta/RJ.

Não quero fazer apologia ao crime, mas outra cena me chamou a atenção no livro. A UNIÃO. O inicio do morro, os moradores eram todos unidos, que acabaram chamando a atenção das autoridades. Autoridades Politicas, Autoridades Eclesiásticas. Autoridades como: Leonel Brizola (outro conterrâneo), Dom Helder Camara entre outros.

Esses primeiros moradores, na década de 60, fizeram através da união, um local melhor de se viver. Construíram através de mutirão um reservatório d’ água que saia do pico até ao pé do morro que abastecia a favela. Convenceram a Light (concessionária de energia elétrica do RJ) a por um gerador de energia para iluminar os barracos, criaram a associação de moradores entre outros benefícios de melhoria social. Necessidades que deveriam ser de obrigatoriedade do Estado, e que para variar é negado a todas as comunidades do Brasil.

Hoje essa união falta em todas as vilas, bairros, comunidades de todo o Brasil, inclusive no Dona Marta. Não vemos essa união em nenhuma quebrada. Nem em prol da vizinhança nem de nós mesmos. Algumas vezes, noticias de algum abaixo assinado, como, por exemplo, 300 assinaturas ondem residem 1200 pessoas. Um número ínfimo, mas de grande valor, mostrando que a chama ainda esta acesa.

A união quebra barreiras, vence preconceitos, gera amizade e igualdade. Deveríamos não apenas formular abaixo assinados, deveríamos, além disso, cobrar de quem é de direito. Teremos de ser “alegrinhos” e fazer panelaços como argentinos, venezuelanos e reivindicar o que é de direito. Direito a moradia, alimentação, salários e empregos dignos, saúde que está mais que em baixa, e principalmente educação.

Tem muitos que defendem o comunismo, outros o socialismo e muitos a anarquia. Não importa o que defendemos, temos que defender o que é do povo, o que é meu e seu. Devemos ir à luta sem medo de perder nada, pois o povo não tem mais nada a perder, ou melhor, temos que perder o medo de lutar, afinal os criminosos de terno tem mais a perder do que a massa.

“se o povo for pro arrebento, aquela p... do congresso já estaria em chamas a temos”.
e.m.i.c.i.d.a rapper

Limpando a farda

Por Manoel Soares
Postada em 24 de junho no Diário Gaúcho

Estou fazendo, por meio da Cufa, um trabalho bem maneiro com os jovens internos da Fase, onde eles estão discutindo comunicação. Entre outras coisas, eles discutem o papel que temos na sociedade. Não estou tendo o menor problema com a parte técnica ou conceitos de comunicação. Eles são ligados e inteligentes.
Ontem, quase que o bicho pegou quando começamos a falar sobre a polícia. Todos tinham uma história de dor envolvendo a Brigada MiIlitar. Um dos meninos contou que seu primeiro contato com a Brigada foi aos seis anos, quando durante uma revista à sua casa, o policial jogou o botijão de gás na cama onde ele estava deitado com a irmã mais nova.

É injusto condenar os mais de 30 mil policiais que temos no Estado por conta de alguns torturadores, maníacos e homicidas que se escondem atrás do honrado brasão da Brigada Militar, mas a própria corporação deve se dar conta que terá que ser mais firme quando o assunto é a limpeza interna.

A expulsão da Brigada do assassino do jovem boxeador Tairone Silva, de Osório, é um gesto que deve ser regra. As comunidades precisam acreditar que a lei também se aplica aos homens da lei. Nas periferias do Estado, o ódio pela polícia é uma herança passada de pai para filho. Muitos odeiam a Brigada pelo que ela fez ao seu avô, e este ciclo de medo e violência não termina.

Chegou a hora da Brigada Militar conversar com as comunidades, sentar e ouvir. Óbvio que teremos que ouvir também. A polícia não foi inventada para nos dar pau, e isso vai ter que mudar, mas ambas as partes têm que baixar a guarda. Estou começando um projeto com um batalhão da Capital para que a comunidade ouça e fale sobre a relação deles com a polícia.

Depois de ter ido à África do Sul, entendi que esta aproximação é possível, mas não vai acontecer se não houver estímulo. Todos nós perdemos se esta relação continuar assim: a comunidade tem ao lado uma polícia na qual não confia, os bons policiais sofrem por conta das atitudes dos maus policiais e a cidade vive as consequências deste conflito.