sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Manual das crias

Por Manoel Soares
publicado em Diário Gaúcho 04\11

Se quisermos colocar tudo no mesmo saco, podemos dizer que o ser humano parece adorar quebrar laços. Muitas vezes, sem saber e sem querer, rompemos o que temos de mais precioso por palavras não ou mal ditas. A juventude é especialista na arte de expressar suas vontades de forma agressiva e descontrolada. Lembro-me dos meus 17 anos, e minha mãe merece uma medalha, pois eu era asqueroso. Por sinal, minha mãe recomendou que, nesta semana, falássemos da falta de habilidade de muitos pais para lidar com as fases dos filhos.
Temos os moderninhos, que liberam demais, ou os que prendem tanto que, na hora em que a molecada se solta, sai fazendo tudo que lhe foi proibido.
A moral é tentar manter uma relação honesta e saudável com os filhos para que o caminho do diálogo esteja sempre aberto.
Infelizmente, há pais que, quando o filho é criança, têm uma postura de "capitão Nascimento". Quando ele cresce, começam a bater de frente e a falar alto. Aí, o pau quebra e as relações vão para a banha. Não podemos confundir firmeza com agressividade, senso de justiça com birra.
Uma coisa importante esquecida por pais é que não precisam disputar com os filhos, e sim orientá-los. Não precisam mostrar quem manda, mas quem tem experiência de vida para ajudar. O complicado é achar a forma correta de entrar na mente dos filhos, pois eles, volta e meia, acham-se mais espertos e se arrebentam por isto.
Uma dica da minha mãe é não termos como base das decisões a nossa vontade, mas o que é correto, puxar os filhos para a razão lógica e ética. É importante lembrar também que crianças e adolescentes aprendem mais pelas ações do que pelas palavras. Esse papo de "faça o que eu digo, não faça o que eu faço" não cola mais.
Quem não dá exemplo não tem moral para impor. Temos de ficar atentos para não deixarmos as "crias" escaparem por entre os nossos dedos. Forte abraço!

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

A Compreensão

Por Leandro André

O conceito que melhor define comunidade é o lugar onde os indivíduos vivem em comum. Quase todas as pessoas no Planeta vivem em comunidades e o que as diferencia é a qualidade de vida. As mais pobres, com menos qualidade de vida, e as mais ricas, com mais. Fazendo uma análise apressada, encontramos a justificativa óbvia de que o dinheiro faz toda a diferença. No entanto, conclusões apressadas mascaram as coisas. Então, de forma objetiva, vamos um pouco além do óbvio nessa análise.

Com a violência generalizada no Brasil, tem sido cada vez mais comum a formação de condomínios fechados, onde a classe média alta tenta se esconder, fugir da realidade. São lugares bonitos, com belas mansões e jardins cinematográficos, que evidentemente proporcionam certa segurança e qualidade de vida para seus ocupantes. Mas o ser humano consegue ser feliz, de verdade, vivendo em bolhas completamente diferentes da realidade da imensa maioria?

Vamos deixar um pouco os ricos em suas bolhas e analisarmos as comunidades pobres das periferias, onde vive a imensa maioria da população brasileira. Por que algumas são organizadas, limpas, com saneamento e casas coloridas, enquanto outras são imundas, têm o esgoto correndo a céu aberto e o Estado não chega? Por que a diferença se a questão não é a quantidade de dinheiro de seus moradores?

Eu me atrevo a responder as duas perguntas que fiz nos parágrafos acima. Não, não é possível ser feliz vivendo em bolhas, completamente diferentes da realidade. Pode aliviar, mas o ser humano não nasceu para viver em bolhas. O cotidiano se encarrega de provar isso.

Em relação às diferenças de comunidades pobres, sendo algumas bem organizadas, bacanas, e outras um caos, o motivo está na união dos seus morados e na compreensão da importância desta união. Se o poder emana do povo, conforme garante a Constituição, então o poder está nas comunidades. As que conseguem perceber isso e se organizar alcançam melhor qualidade de vida, ao contrário das que vivem na sombra da ignorância e da pobreza do individualismo. Parece conclusão de almanaque. E até pode ser. No entanto, não adianta enrolar, pois é assim mesmo.

Eu acredito que as comunidades precisam compreender a força que têm quando seus indivíduos se unem pelo bem comum. E quando isso acontecer em nosso País, de forma ampla, então vamos ascender como sociedade e não haverá mais a necessidade dos mais ricos se refugiarem em bolhas e os mais pobres viverem pulando esgoto a céu aberto.