quarta-feira, 23 de março de 2011

Yes, we can!

Por Rogério Garcia
Assessoria de Comunicação CUFA RJ

Dizem que a educação e a cultura são capazes de mudar pensamentos e posturas de uma sociedade.
Levando em consideração que nós da comunidade LGBT somos responsáveis pela maior parte do fazer cultural do nosso país, começo a acreditar que tem alguma coisa errada.

Vamos aos fatos: É notória a presença de Gays, Lésbicas e Trans em todos os segmentos culturais do país – Atores, diretores, maquiadores, Redatores enchem os nossos teatros e telenovelas de sonhos e questões pertinentes à sociedade. E o que falar então do maior espetáculo da Terra? O Carnaval Carioca e o Desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro simplesmente não existiria sem nós gays, que estamos representados nos carnavalescos, coreógrafos, artistas plásticos, costureiros, diretores entre outras funções. Então, porque o ponto de mudança para discussões pertinentes ao nosso universo são tão difíceis de serem discutidas? Falta união? Falta foco? Porquê as bancadas políticas contra os nossos direitos são mais fortes e significativas?

Em 2009 remontei um espetáculo chamado “Todo Amor que Houver Nessa Vida”, com a direção magnífica da atriz Zezé Motta (sua primeira direção para o teatro). Nosso maior desafio foi fazer uma peça que não fosse comédia, com temática LGBT, num dos palcos mais respeitados do Rio de Janeiro: a Casa de Cultura Laura Alvim. Foi um sucesso! Casa lotada todos os dias. No entanto o que mais me intrigava eram os comentários de pessoas que iam assistir à peça achando que, pelo título, o espetáculo falaria da vida do cantor Cazuza. Uma vez ouvi de uma advogada: “Eu nunca imaginei que o relacionamento entre dois homens poderia ser tão bonito, tão normal”.

Chegou a hora de mostrar e exigir respeito! Chega de brigas internas, chega de falácia! Vamos agir: vamos mostrar que é possível uma sociedade menos desigual em todas as instâncias!

Cada um na sua arte, cada um com sua arma, cada um mostrando que “sabe a dor e a delícia de ser o que é”.

Sim, nós podemos!

sexta-feira, 18 de março de 2011

TV: a vida como ela é?

Frank Baldez
Colaborador


Até que ponto a mídia, musicas e filmes podem interferir no crescimento de uma adolescente? Aqueles famosos que deveriam ser exemplos, e quando menos esperamos deparamos com alguma coisa errada. Nosso ídolo, como qualquer mortal, como qualquer morador de qualquer classe, aparece afundado em drogas. Seja licita ou ilícita, afinal droga e droga.
A mesma mídia que julga o usuário pobre, glorifica o usuário famoso. Analisamos alguns algumas personalidades internacionais, que possuem várias acusações de embriaguez e quantas penas cumpridas? Temos também um vasta lista de celebridades nacionais, e nenhuma pena efetivamente executada.
Essas pessoas, que são formadoras de opinião, personalidade pública, deveriam ter uma vida social dentro da moralidade, pois mesmo sem elas perceberam, por mais que digam que saibam, servem de modelo e inspiração para muitos jovens.
E por mais que não queira pensar, esses jovens, são da periferia. Não tem ambos os pais, acesso a educação, e tudo que veem em seus ídolos, mesmos coisas negativas, acabam por imitá-los. Só que eles não sabem e que uma viajem sem retorno. O retorno para pobre, dessa viagem, e de um contra 1000.
A periferia não pode pensar que, se entrar no mundo cancerígeno das drogas, eles não terão o beneficio de admitir publicamente que são usuários (ou melhor doentes), e também não terão apoio de nenhuma emissora de televisão ou do governo e muito menos recursos financeiros de suas famílias.
Mesmo que os ídolos tenham uma vida social padrão, como seus personagens atinge um moleque que sabe de cor a programação da televisão, mas não sabe escrever seu nome? A mente infanto-juvenil e um campo vazio que está por ser preenchido, porém se esse campo for habitado, mesmo ficticiosamente por personagens com armas, drogas, violência e crime, estaremos formandos adultos violentos.
Temos que ensinar aos nossos filhos, nas escolas, nas comunidades que a pessoa que trabalham de sol a sol, sustentam suas famílias, tem tanto ou mais valor de que os ídolos inexistentes, que vivem fora da realidade periférica.
Faremos nossa parte, sem mesmo ter a parte que deveria ser feita pelo governo, e devemos filtrar o que nossos filhos assistem na TV, pois as pequenas mentes não sabem distinguir o que errado, pois disfarce que encobre a violência na TV, é perfeitamente muito bem feito.

sábado, 12 de março de 2011

Perdoem o anjo

Por Manoel Soares
Publicado no Diário Gaúcho

Ver que seu filho já lava louças sozinho. Acordar um dia e se dar conta de que sua filha usa sutiã ou que sua mãe envelheceu e tem mais cabelo branco do que quando você reparou pela última vez. Perceber que seu irmão mais novo precisa de um barbeador.

Essas são algumas das constatações a que muitos de nós chegamos depois um tempo, não que sejamos irresponsáveis ou desatentos, mas porque voltamos nossos olhos para aqueles que pareciam precisar mais da nossa ajuda naquele momento.

Professores, policiais, educadores sociais e muitos outros sabem do que estou falando. Em algum momento, já foram acusados desse pecado.

A Bíblia diz que “quem não faz previsão para os seus é pior do que alguém sem fé”. Mas nossa ausência é por excesso de fé, nossa abnegação se explica por ver que os anjos da morte se espalham com uma velocidade assustadora.

Autodeclaramo-nos “anjos da vida” e esticamos nossas asas imaginárias para tentar fazer a diferença, pelo menos, naquele dia. Com a imbecilidade de mergulhadores salva-vidas, pulamos na água mesmo sabendo que, com o mar revolto, não será possível voltar.

Nossa ingenuidade nos convence que todos vão entender. Talvez, todos entendam, mas não o tempo todo. Um dia, o mundo à nossa volta nos olha e exige que mudemos a escolha diária. Nessa hora, o peito rasga e não temos escolha, um pouco de nós vai morrer ali.

Respeito e admiro aqueles que conseguem esquecer o mundo para cuidar dos seus, eu não cheguei a este nível de evolução. Faço parte daqueles que ainda esquecem dos seus para cuidar do mundo.

Sei bem como isso doi, não sei se um dia farei diferente. Porém, como disse um amigo que compartilha da mesma dor que eu: “Perdoem esse anjo que não me deixa em paz”.