Por Manoel Soares
Publicado no Diário Gaúcho
Um leitor de nome João Carlos me mandou e-mail dizendo que esperava que eu me pronunciasse sobre o caso do deputado carioca Jair Bolsonaro, que esculachou os negros em rede nacional e depois falou que estava falando dos gays.
Na verdade, não me omiti no assunto, somente fiquei observando para ver até onde ia e, como eu previa, o papo morreu. Quem ganhou foi o racista, que teve uma baita mídia.
Porém, deu para chegar a algumas conclusões. A primeira é que a sociedade acredita que o racismo é um problema dos negros, o que não é verdade. Essa anomalia social deve ser combatida por todos.
Outra é que, de certa forma, é positivo, porque mostra que, quando os negros denunciam casos de racismo, não estão querendo chamar atenção. Racista não é extraterrestre, não é ET, ele existe e é daqui mesmo.
Outro aspecto desse assunto, para mim, o mais sério, é o silêncio da comunidade negra. É como se fôssemos açoitados e cuidássemos para que nosso choro não perturbasse o sono do filho do senhor de engenho.
Fico motivado quando vejo exemplos de negros que fazem faculdade, que se destacam nas suas carreiras e vidas pessoais, entretanto, a apatia da nossa massa nessas horas me decepciona. Contraditoriamente, quando o centro do problema é outro negro, muitas vezes atacamos em massa como se o pecado fosse maior.
Vou nessa, galera, como negro e favelado, sinto-me à vontade para fazer essa reflexão. Afinal, o deputado Jair Bolsonaro passa, mas o preconceito fica, e é bem maior do que o que vemos na televisão.
Felicidades, galera. Até semana que vem!