Por Manoel Soares
17 de dezembro de 2010 / Publicado no Diário Gaúcho
Depois de conhecer a África do Sul durante a Copa do Mundo, fiquei intrigado, pois, apesar de ser uma das experiências mais fortes da minha vida, não vi muito das nossas raízes no povo sul-africano. Nesta semana, estou entendendo o por quê.
Estou escrevendo para vocês no Senegal, ao norte do continente africano. Essa viagem está sendo o máximo. Agora, entendo as raízes do nosso Carnaval, da nossa musicalidade, dos nossos lábios carnudos e dos nossos quadris largos.
Ontem, fui visitar a Ilha de Gorée. Era para lá que os negros iam antes de serem vendidos. Um dos pontos mais dolorosos foi conhecer o Portão do Não Retorno, uma porta que havia nas senzalas que dava direto para o oceano. Quem entrava naquele corredor estava condenado a perder totalmente o contato com a família.
Chorei muito ao imaginar a dor dos meus ancestrais. Mas eles lutam para que a nossa história não seja somente de dor e tristeza, tanto que uma das novidades do Senegal é o Monumento da Renascença, uma estátua com mais de 50m de altura e mais de 60 toneladas de bronze que simboliza a nova África, que se posiciona como um futuro promissor.
O Brasil para eles é referência, tanto que, no 3º Festival Mundial de Artes Negras, do qual estou participando, estão nos homenageando. Em breve, volto para as nossas quebradas e levo mais notícias.
Forte abraço, galera!
Foto: Manoel Soares