segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

As pedras de Mandela

Coluna de Manoel Soares em 10 de dezembro de 2010 | Categorias: Coluna Diário Gaúcho

Estou lendo um livro de reflexões de Nelson Mandela durante os anos em que ele ficou preso na África do Sul. Foram 27 anos fechado. Nesse período, pelo que conta o livro, ele pôde refletir sobre tudo que acontecia em sua vida naquele momento, de bom e de ruim.

Umas das reflexões dele é sobre o processo de escravidão que a África viveu. Foram mais de 11 milhões de pessoas retiradas de sua terra natal para servir de mercadoria e mão de obra forçada no mundo. Só o Brasil recebeu cerca de 6 milhões de escravos, uma verdadeira barbárie.

Óbvio que ninguém em sã consciência concorda com esse absurdo, mas boa parte do crescimento que vemos à nossa volta foi consequência desse fato. Se a escravidão não tivesse rolado, o Brasil não teria a cara que tem hoje: o país mais negro do mundo fora do continente africano.

Isso quer dizer que temos de achar maneira a escravidão? Claro que não, mas nos ajuda a entender que mesmo as coisas ruins têm consequências que podem produzir cenários construtivos. Se não ocorresse o apartheid na África do Sul, Mandela não teria sido preso. Se ele não fosse preso, aquele país não se uniria para, um dia, eleger seu primeiro presidente negro. E por aí vai.

Nossa vida é similar. Muita coisa ruim acontece. Precisamos ser tranquilos com esses momentos e não nos desesperar. Por mais que pareça fora de ordem, existe uma lógica universal que rege o mundo. Não quer dizer que vamos ficar levantando as mãos para o céu e batendo palmas para as desgraças, mas vamos, a partir delas, construir.

Problemas sempre virão, e em cima de qualquer pessoa, independentemente de raça, classe social ou sexo. O que muda é a forma de enfrentar esses pepinos. E, na boa, não se morda com as pedras que te atiram na vida, pois, com elas, talvez, você possa construir um castelo maravilhoso. Como diz Mandela, devemos querer nossos inimigos vivos, gordos e bem pertinho da gente, para que eles vejam que o esforço de nos ferrar foi em vão.

Beijo no coração, galera, e até semana que vem!

Manoel Soares

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