Publicado em 19 de agosto no Diário Gaúcho
Ultimamente tenho recebido muitos e-mails me perguntando qual é meu tipo de mulher, essa curiosidade nada tem haver com assédio, até porque pagar de galã nunca foi a minha cara, não tenho esse potencial, o buraco é mais embaixo. Alguns e-mails me xingavam dizendo que não gosto de mulher branca, outros me acusam de não gostar das negras, eu mesmo não sei de onde saiu esses papos de girinos, mas vambora desenrolar a respeito né?
Primeiro acho que ninguém deve ser xerife da vida amorosa ou sexual de ninguém, com quem os malandros e as minas se embolam é problema deles. Por outro lado, este conflito de cores é algo que sempre fica no ar, ninguém fala, mas todo mundo pensa. já vi muitos negros acabarem nos braços de loiras porque veem nelas uma forma de dizer para sociedade que eles também são capazes, vi muitas loiras saírem com negros por achar exótico ou por acreditar em certas lendas que não cabem nestas linhas.
Porém generalizar taxar as relações inter-raciais como conflitos de personalidade é burrice, em milhares de casos pessoas de cores diferentes simplesmente se amam e querem ser felizes e o mundo que fique na sua, eles se atraem e se curtem e são felizes ignorando as diferenças, O amor não tem cor e quando a cor fala mais alto não tem amor. Eu da minha parte gosto de mulher, não meninas mimadas ou marretas, mulheres que seja no espelho do teto ou na luta diária pode ser minha parceira, isso independe da cor da pele. Claro que se a relação é inter-racial é importante que saibam lidar com as situações delicadas, afinal o mundo é burro e trata ambos de forma diferentes, a mulher branca precisa saber como agir ao ver seu preto sendo discriminado, o homem negro tem que saber proteger sua branquinha de piadas e insultos que possam surgir, tudo na boa e sem crise, mas não é nada que não possamos enfrentar e superar se existe amor.
Lembro aos radicais que nossa raiz é multirracial, temos um sangue misturado, nesse pampa ninguém é puro, nem preto nem branco. Pensar em cores e raças diferentes já matou mais de seis milhões, não podemos cair no mesmo erro, mesmo que as mortes sejam simbólicas. Já comi sushi feito por uma preta que parecia do Japão e já sambei com loira que parecia nigeriana, não posso mentir, existem diferenças sim, os lábios das negras são mais carnudos e firmes, das brancas mais macios e sensíveis, mas os corações são iguais e isso que importa.
Seria lamentável que uma pessoa deixasse seu grande amor escapar por preconceito ou que usasse a diferença da pele para mandar mensagens babacas para os outros, dane-se a cor, amemo-nos, mas pelos motivos certos. Não quero saber a cor dela, só quero que ela seja minha e eu seja dela, afinal existem momentos em que as cores desaparecem mesmo.